Porquê esquecemos o nosso amor?

08:29




Eu confesso que esses dias têm sido sombrios. Lembro-me de como éramos no início do namoro e sinto uma certa nostalgia. Era tanta felicidade acumulada e  sorrisos multiplicados que parecia transbordar. 

Não vivíamos de promessas, nem espalhávamos para todos os cantos que nos amávamos, mas agíamos como tal. Para nós ,amar não era obrigação ,era necessidade. Necessidade de estar sempre juntos  para partilhamos pensamentos profundos, conflitos internos, crises existenciais inseguranças e conquistas. Ele mergulhava na minha veia feminista, sempre engrandecia o tipo de mulher que eu era e que queria ser, e isso me fazia amar-lhe ainda mais.

Tínhamos as nossas discussões, motivadas pelos meus ciúmes exagerados ou pela teimosia dele, mas eram sempre resolvidas com recurso a um bom diálogo e sexo selvagem de reconciliação. O que nos tornava fortes, era forma como encarávamos as nossas discussões, pois não se resumia à quem tinha razão, mas ao que era melhor para ambos.

Bebo um gole de chá enquanto penso.
Hoje tudo mudou, escolhemos os nossos egos obesos e a relação tornou-se anoréxica.
Agora, somos nó ao invés de laço e fingimos que não vemos, as palavras de amor foram substituídas por reclamações inesgotáveis e eu já não sei até quando nos vamos suportar. Esquecemo-nos que o relacionamento é uma renovação contínua e nos acomodamos da ideia que já nos amamos.

Minhas amigas vivem dizendo que tu me trais, mas eu não me surpreendo. Eu também tenho me envolvido com outras pessoas! É triste, é triste porque eu sei que nós somos melhores que isso, bem lá no fundo somos feitos de amor e paz, mas hoje transbordamos hipocrisia. 
Onde estamos agora?! Será que ainda estamos a caminhar ao mesmo passo?! Tem dias que eu simplesmente acho uma palhaçada continuarmos nessa maré baixa sem sequer saber para onde estamos a navegar. 

Gritamos palavras amargas no silêncio dos nossos olhares, guardamos segredos que não precisam ser contados e lutamos sem precisar tocar, mas só os nossos corações percebem as mágoas que carregam. É isso que chamam amor? Ou será que nos acostumamos tanto a essa frente fria que não faz mais diferença se estamos bem ou não?! 

São tantas as perguntas, é tanta dor e tanta culpa por carregar, mas ainda assim vamo-nos deitar na mesma cama, fazemos sexo quando um de nós precisa satisfazer-se e depois cada um dorme no seu canto da cama. E é na manhã seguinte que o nosso filme vira uma comédia, de frente à plateia beijamo-nos como se fosse a nossa primeira vez e declaramos o nosso eterno amor.

 Hipócritas!!!

Texto por :Eunica Beatriz e Sheila FaianePhotoCredits :Ildefonso Colaço



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