A mesmice infinita

16:30





Eu sempre fui uma pessoa que, está sempre na defensiva, temendo a vida ,com medo de arriscar .Aquele tipo de pessoa que cancela uma ida ao cinema ,num dia chuvoso, por não querer molhar.

Que nos parques de diversão, escolhia sempre os brinquedos fáceis ,lineares sem nada que me levasse ao ápice das emoções  .Aquele tipo de pessoa que ,prefere não fazer as coisas por temer às consequências. Consequências essas,  reais ou fantasiosas. 

E esse tipo de comportamento, arrastei-os comigo para as minhas relações. Preferia nem começar certas relações ,pois já idealizava o fim .Queria que todas as relações fossem do mesmo jeito e,sob o meu controlo  . Eu era assim .Alguma força invisível fazia com que eu fosse assim ,que minha felicidade se limitasse a fazer as coisas de "ordem natural". Não me aventurar e pior, temia sofrer .Evitar sofrimento ,parecia ser a chave da minha felicidade. Isso ,porque eu nunca tinha experimentado essa sensação de sofrer por amor .As relações sempre terminavam por minhas vontades ,meus caprichos e a maioria delas não eram reais. Eu não me envolvia ,era tudo estratégico .

Mas ,depois conheci o Shelton  .Ele virou meu mundo da cabeça aos pés.Ele não seguia a ordem natural das coisas ,ou seja ,não era aquilo que eu idealizava. Não era do género ,ficar em casa comigo abraçadinhos e a trocar juras de amor .Ele queria uma coisa nova todos dias .Quando saíssemos, ele sempre pedia um prato novo.Queria que eu experimentasse sempre sabores novos .Ele dizia que aquilo é que tornava a vida interessante. Levava - me até ao meu limite e, todos os dias ele tinha qualquer coisa nova para mostrar ou ensinar .
Eu sempre tive medo de velocidade.Se andassemos a 60 km/h eu estava super confortável .Certo dia ,numa área  silenciosa ,com pouca afluência de carros ,ele deixou - me extasiada. 
-Não te preocupes -disse apertando minha mão.
E sem que eu me apercebesse , ele pressionou fundo o acelerador ,e o velocímetro indicava 180km /h .Eu gritei, senti um incontrolável frio na barriga e o coração acelerado  . Mas ,foi uma sensação prazerosa. Senti o vento a bater no meu rosto ,e foi bom .Nunca me vou esquecer daquele dia .Aliás nunca me vou esquecer do Shelton. Ele não é mais ,o amor da minha vida.Mas ensinou - me várias lições ,deixou um legado que vou preservar .
Me fez perceber ,que sofrer é quase uma certeza .Ele sempre dizia "Não é a toa ,que nascemos a chorar,a vida não é fácil " .
Temos apenas de escolher pelo que, queremos sofrer. Eu sofria sem saber.Sofria pela mesmice infinita  pelo medo eterno ,por não arriscar .Agora ,escolho sofrer por amor ,pela vida ,pela aventura . É um sofrimento justo



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