Minha compreensão sobre o amor era bem clara.Amor é aquele sentimento que deixa nossa alma mais leve.Que nos faz sorrir as 2horas da madrugada por receber uma mensagem cute de Mor.
Ou aquela vontade enorme de não se desgrudar de bae. Amor é discutir e não ver a hora de se reconciliar.E isso tudo vocês já sabem.

Mas Bruno veio sacudir tudo o que eu sabia sobre o amor.No início ele me fazia muito bem ,e eu achava que após várias tentativas  tinha encontrado o homem da minha vida.Mas a convivência e o tempo foi revelando que aquele Bruno amoroso era apenas uma máscara.Ele sempre dizia que era um" homem a moda antiga ",mas eu não fazia noção do que ele falava .

As gritarias e os insultos eram constantes .As crises de ciúmes eram incontrolaveis e eu era proibida de sair com os meus amigos.Eu isolei-me de tudo e de todos ,porque o meu namorado assim exigia.
-Confia em mim ,eu não vou te trair -eu dizia veementemente.
-Eu confio em ti ,mas não confio nos niqqas -rebatia. 

Mas enquanto eu vivia aquela relação ,eu não percebia o quanto ele me fazia mal.Eu achava que aquele era o jeito diferente dele  amar-me .Eu não percebia que ele não me deixava falar ,não me deixava opinar .Eu apenas tinha de obedecer às vontades e desejos dele.Por incrível que pareça, mesmo com o  discurso feminista e revolucionista na ponta da língua ,não resistia e era submissa cegamente.Existe uma linha ténue entre a submissão e a escravidão . Submissão é pertencer ao meu homem . É  receber todo o cuidado e protecção.Mas Bruno não me protegia ,ele é que representava o perigo para mim,ou seja era escravidão.Onde as correntes não eram físicas ,mas sim psicológicas.E ele me fazia pensar que eu não conseguiria viver sem ele.

Quando Bruno fizesse algo errado conseguia reverter a situação a seu  favor ,e eu acabava me sentindo culpada.Minha única forma de reagir era chorar incessantemente e implorar pelo perdão.E continuava ali achando que aquelas palavras de amor que ele dizia após gritar comigo eram suficientes.Achava que os beijos conseguiam curar as cicatrizes não só  físicas ,mas da alma.Eu não conseguia contar a ninguém ,mas ele já bateu-me imensas vezes .Dava-me chapadas sempre que eu dissesse algo que lhe incomodasse.Logo após bater-me ele dizia que estava arrependido e nos dias subsequentes mimava-me com presentes e bilhetes românticos.E eu caia sempre na lábia dele,pois eu sempre acreditava que o amor vence tudo.O amor transformou-se em dor ,em lágrima constante . Tornei-me dependente de um amor injustificável ,e isso durou por muito tempo . Até que um dia eu percebi que dependência e amor são coisas diferentes.Que amor não é chapada ,não é aperto no braço.Amor é fazer de tudo para que o outro não se fira, não sofra.Amor é esperar que o outro esteja sempre bem em nossa companhia .Isso é o amor .Pena que eu não consegui perceber isso logo no início da relação .Eu sempre condenei relacionamentos abusivos  e ali estava eu refém de um homem que não sabe amar sem levantar a mão para mim.Maldito Bruno! 

Felizmente agora que vos escrevo ,não estou com o Bruno .Aliás nunca mais soube do Bruno ,desde que ele parou de correr atrás de mim para dizer pela milésima vez que "Iria mudar e me amava muito ".Antes de desaparecer da vida dele perguntei se ele ficaria Feliz se soubesse que a Sofia ,a irmã mais nova dele leva porrada com o namorado.Ou que a mãe dele ,recebe socos do padrasto.Porque é muito fácil bater a filha ou a irmã dos outros ,mas e se fosse com quem amamos ? Amor é bonito.Se é amor não é suposto doer.